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03/11/2016

X-men: Apocalipse

Crítica cinematográfica

No ano (2016) em que os filmes de heróis estão dominando o cinema, não poderia faltar um do universo dos X-Men, franquia que chega ao oitavo filme. Apocalipse é o terceiro da trilogia mais recente e se passa no espaço temporal “Primeira Classe”, em 1983. Ele mostra como os meninos da escola Xavier se tornaram os X-Men.

O filme começa mostrando Apocalipse, o vilão, transferindo sua mente para outro corpo com a intenção de agregar os poderes daquele corpo aos seus. A transferência falha por causa de revolucionários, que aproveitam o momento em que ele está vulnerável para atacar a pirâmide onde a transmissão acontece. Depois disso, a jornada do vilão se resume a vários teletransportes para reunir os seus quatro subordinados, Magneto (Michael Fassbender), Psylocke (Olivia Munn), Tempestade (Alexandra Shipp) e Anjo (Ben Hardy). Apocalipse não convence, nem pelo visual (que foi criticado desde a primeira imagem divulgada), nem pelos poderes. En Sabah Nur (Apocalipse) é um dos vilões mais poderosos dos quadrinhos e não mostra todo seu potencial no filme.

Magneto, muito bem interpretado por Michael Fassbender, mostrou um poder bem superior ao do vilão máximo. Levando uma vida tranquila na Polônia, Erik Lehnsherr constituiu uma família e trabalha em uma fábrica. Tudo vai bem até que ele salva um operário que morreria em um pequeno acidente na firma e é reconhecido como o vilão Magneto. Perseguido, ele ganha novos motivos para suas maldades.

Dos oito filmes da franquia X-men, esse é o quarto a ser dirigido por Bryan Singer. O curioso é que os três anteriores obtiveram as melhores críticas. Mas desta vez Bryan deixou a desejar. A piada feita por Jean Grey (Sophie Turner) dizendo que o terceiro filme de uma trilogia é sempre o pior pode servir também para este caso. O diretor teve um desempenho digno de Superman – O retorno, filme dirigido por ele e massacrado pela crítica.

E por falar em Jean Grey, fica com ela um dos destaques positivos do filme. A atuação da atriz de Game of Thrones é equilibrada e consegue expor bem as dificuldades da heroína em controlar os seus poderes, um dos maiores de todo o universo, se não o maior. Menção honrosa também ao Noturno (Kodi Smit-McPhee), que gerou boas cenas de ação e teve seu teletransporte bem trabalhado, mostrando um efeito visual bonito.

Por outro lado, a Mística deixa a desejar. Não pela interpretação da Jennifer Lawrence, mas sim pelo modo como a personalidade da “protagonista” é explorada. Em um filme que conta apenas com uma participação especial do Wolverine (Hugh Jackman), fica com Raven Darkholme o papel de ser a personagem principal. Tratada como um marco para os mutantes, Mística passa muito tempo da película rejeitando esse papel, o que fica repetitivo e chato. Outra questão é que a personagem, cujo poder é se transformar em qualquer pessoa do mundo, sempre demonstrou ter orgulho de sua forma original (azul, com cabelos vermelhos e olhos amarelos) e nesse filme, por algum motivo, passa o tempo todo usando outra forma. Pode parecer uma coisa simples, mas em relação a X-Men, que sempre abordou a aceitação própria e da sociedade em relação aos mais diversos tipos de pessoas, é estranho.

As melhores cenas do filme ficam por conta das aparições de Mercúrio (Evan Peters), inclusive a melhor. As cenas descontraídas, passadas em câmera super lenta e cheias de efeitos especiais, ficam ainda melhores por causa da interpretação do ator de American Horror Story, que com carisma e boas expressões faciais garante boas risadas. Pegue essas características e adicione a ótima música Sweet Dreams (Are Made Of This) como fundo musical, enquanto Pietro Maximoff (Mercúrio) corre na velocidade do som, no meio de uma grande explosão para salvar os jovens mutantes da Escola Xavier, e temos a melhor cena do filme. Detalhe para os objetos explodindo lentamente e as caretas dos personagens durante o salvamento, inclusive do cachorrinho que saboreava uma pizza no momento da explosão.

Para resumir, Apocalipse explora pouco os personagens, sejam eles vilões ou heróis. Tem um roteiro fraco e uma direção preguiçosa. É salvo pelas boas cenas de ação e os atores que não deixaram a desejar. Desta vez, não dá para a crítica elogiar.