Caderno 3 / Notícias

24/03/2017

"Todas as pessoas têm direito à informação e à cultura. Utilizamos o cineclube como recurso para garantir isso", destaca Lillo

Levantamento de 2015 feito pela Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura mostra que, no Brasil, existem 701 cidades com cineclubes

Criado para suprir as necessidades não atendidas pelo cinema comercial, os cineclubes surgiram no Brasil no ano de 1928, com a ideia de relacionar a arte e cinematografia, por meio de uma reflexão crítica e coletiva. Para o professor e fundador do Cine Imigração, Francisco Lillo, o cineclube é uma ferramenta eficaz na hora de difundir informação. “Acreditamos que todas as pessoas têm direito ao acesso à informação e à cultura. Nós utilizamos o cineclube como recurso para garantir isso”.

O Cine Imigração foi criado pela dupla chilena, Francisco Lillo e Rafael Sepulveda, em 2014, em Goiânia. Eles sempre foram apaixonados pela produção audiovisual e, por isso, investiram no projeto. “Nunca foi fácil manter este sonho, porque, diferente do cinema comercial, o cineclube não tem fins lucrativos. Sem apoio financeiro, nem sempre foi fácil”. Lillo ainda ressalta que o cine é muito mais que apresentar filme, é gerar senso crítico, compartilhar conhecimentos e ideais.

A enfermeira Zorade Barros faz parte das centenas de pessoas que já passaram e ainda passam pelo Cine Imigração. Segundo ela, frequentar o local a fez amadurecer muito. “Fui criada em um convento de freiras, então muitas coisas me foram tiradas. Principalmente o aprendizado, senso crítico e a história do lugar onde vivo”. Hoje, com 73 anos, Zorade é frequentadora fiel do Cine, está lá toda semana.

Os filmes apresentados são latinos americanos e de produções independentes. “Escolhemos filmes que foram feitos para serem vistos”, completa Lillo. No dia 11 de março a produção escolhida para homenagear o Dia das Mulheres foi o longa Las 13 Rosas, do diretor Emilio Martinez, que retrata a luta de 13 jovens na Guerra Espanhola.

Quando a sessão termina e os créditos sobem, as pessoas não vão embora. Todas permanecem sentadas à espera do que a Zorade chama de melhor parte, a hora de compartilhar opiniões sobre o filme. Todos são ouvidos sobre o que entenderam e, se tiverem interesse, têm toda liberdade de acrescentar suas considerações.

Em Goiás existem diversos cineclubes. No último encontro dos cineclubistas, realizado durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), em 2016, aproximadamente 35 representantes estiveram presentes.