De acordo com a psicóloga, traumas psicológicos se referem a uma sequela emocional deixada através de uma experiência drástica

 

Por Fellipe Santos

Traumas psicológicos podem trazer fortes consequências para a vida de uma pessoa. De acordo com estudos psicológicos, 51,2% das mulheres e 60,7% dos homens vivenciaram ao menos um evento potencialmente traumático. Muitas pessoas procuram apoio profissional, a literatura, a supervisão e a amizade como forma de tratamento. Atualmente, o termo “trauma psicológico” vem se tornando cada vez mais popular e as vezes acaba se tornando algo equivocado. Em entrevista ao Portal Tudo Alfa, a psicóloga Flaviane Cunha esclarece o que é um Trauma Psicológico, as causas mais comuns e as formas de tratamento.

 

O que é Trauma Psicológico e o que pode causa-lo?

 

Trauma Psicológico se refere a uma sequela emocional deixada através de uma experiência drástica, podendo afetar o sentimento, comportamento, as emoções e, principalmente, o pensamento de uma pessoa. Nós, psicólogos, costumamos dar outro nome a isto, chamamos de Transtorno Pós-Traumático, o TEPT, que é uma doença severa e incapacitante que afeta uma boa parte da população.

 

Qualquer pessoa está sujeita a ter um Trauma Psicológico? Até mesmo crianças?

 

Sim, qualquer pessoa pode ser uma vítima, nunca se sabe o que pode acontecer. Ninguém sai de casa sabendo que será roubado ou estuprado e é exatamente essa coisa inesperada que pode se tornar um trauma psicológico, como, por exemplo; uma traição, separação dos pais, sequestro, agressão física, bullying e graves acidentes de trânsito. E, sim, as crianças também estão sujeitas a isto, porque elas ainda não sabem se defender. Quantas vezes estamos assistindo ao jornal e começa uma reportagem de uma criança que foi estuprada, talvez não só um estupro, mas uma criança que foi espancada pelos pais? Várias vezes. E essas experiências acabam gerando uma reação negativa na criança, principalmente porque ela está em uma fase em que seu crescimento e envolvimento emocional precisam de condições favoráveis para realizar essa transição de maneira saudável até a vida adulta.

 

Como funciona o tratamento de uma pessoa com Trauma Psicológico?

 

O tratamento vai depender da gravidade do impacto de cada indivíduo e, também, cada psicólogo tem a sua forma de trabalhar e conversar com seus pacientes. Quando eu recebo uma vítima de trauma psicológico, o trabalho sempre é maior e mais puxado, porque preciso descobrir o que causou aquele trauma. Na maioria das vezes, os pacientes são bem tímidos, então eu peço que eles escrevam em um caderno. Já que não estão conseguindo falar, talvez eles consigam escrever o causador do trauma. Geralmente, passo alguns medicamentos para que eles possam diminuir a ansiedade e também trabalho com a psicoterapia, que é basicamente a conversa sobre aquele assunto. Conversamos muito sobre o que causou o trauma e no meio dessas conversas as pessoas vão se abrindo a cada dia mais, então eu começo com conselhos e assim vai até a pessoa se livrar totalmente do trauma que sofreu.

 

Por que algumas pessoas sentem medo de procurar tratamento?

 

Quase sempre é por causa da timidez, geralmente as pessoas encontram dificuldades de se abrirem com quem não conhecem, principalmente quando se trata de um assunto sério.

 

Após o tratamento há o risco da pessoa ter o mesmo tipo de trauma psicológico novamente?

 

É complicado falar sobre isso, porque nós liberamos o paciente somente quando temos a certeza que ele está 100% curado, mas pode acontecer dele ter o mesmo tipo de experiência dramática que o levou a ter um trauma psicológico e, talvez, consiga se sobressair, por já ter lidado com o problema, mas talvez não consiga e precise de mais tratamentos.

 

Que conselho você daria para uma pessoa que passou por um trauma e, ainda assim, não procura tratamento?

 

A ajuda profissional é importante para guiar e ajudar a dimensionar o sofrimento de qualquer pessoa que sofra com qualquer tipo de trauma psicológico, então, se você é uma vítima, ou conhece alguém que é vítima, indique um psicólogo.