Caderno 3 / Edições

12/04/2017

Trabalho voluntário leva reforço escolar para alunos de comunidades pobres no Peru

O Projeto Cultural Factory existe em muitos países da América do Sul e geralmente é realizado em cidades com população mais carente e que necessita de apoio. O projeto é realizado em Piura no Peru, desde 2012, e no período de 2016/2017 três comunidades foram beneficiadas com o projeto. As escolas muitas vezes não recebem o apoio necessário do governo, e têm condições de infraestrutura precárias. “As janelas não têm vidros, elas são tapadas com papel, o banheiro não tem água, não tem papel e quase sempre está trancado. São crianças e o banheiro está trancado,” relata a paulista Luísa Barakat, de 21 anos, estudante de engenharia civil, que já participou do projeto.

O projeto Cultural Factory faz parte de um programa de trabalho voluntário realizado pela AIESEC (Association Internationale des Etudiants en Sciences Economiques et Commerciales) chamado cidadão global, que tem como missão fazer a diferença na sociedade. Jhuliana Ayala Querevalu, de 24 anos, vice-presidente da AIESEC Piura, explica que o projeto desenvolve e impacta as crianças com educação de qualidade. “O projeto é um reforço na educação, ajudando a melhorar a aprendizagem, a descoberta de novas habilidades e busca capacitá-los a descobrir seu papel como jovens líderes.”

O projeto social é focado no ensino de crianças de baixa renda.  “As escolas de verão são muito importante e são gratuitas. E para a nossa comunidade que é muito pobre esse reforço é importante, pois não temos condições de coloca-los em escolas melhores”, explica a cabelereira Elsa Matorelli, de 40 anos, mãe das alunas Kiara Paola de 6 anos e Ana Gabriela de 9 anos.

No trabalho voluntário, as pessoas se propõem a trabalhar em uma causa sem receber nenhuma remuneração em troca, quem é voluntario garante que é maior que qualquer salário. Quem se dispõe a ajudar os mais necessitados, além de contribuir para a comunidade, recebe o carinho daqueles que pouco têm a oferecer além da gratidão. “Somos infinitamente agradecidos pela participação da organização AIESEC, que permitiu que as nossas crianças possam participar desse projeto. A troca de conhecimento e cultura ajuda no desenvolvimento de cada aluno”, comenta o motorista Alecsandro Viera, de 45 anos, pai de Kiara Paola de 6 anos e Ana Gabriela de 9 anos.

As transformações pessoais ocorrem e são pontuadas por momentos que se tornam inesquecíveis para o voluntário. Quem pratica o voluntariado, de modo geral, não o faz com o objetivo de ser recompensado. Quem dedica parte do seu tempo para causas sociais, desenvolve habilidades recorrentes no dia a dia, como comprometimento, liderança, boa comunicação e trabalho em equipe. Ao trabalhar com causas sociais, o profissional ainda evolui sua sensibilidade, humanidade e proatividade.

Assumir um compromisso e dedicar tempo a ele significa abrir mão de atividades que poderiam ser consideradas mais prazerosas para quem não realiza trabalho voluntário. Os intercambistas que usam suas férias para se dedicar ao outro fazendo trabalho voluntário, em sua maioria, são alunos de ensino superior que aproveitam para ajudar o próximo e conhecerum novo país, como a intercambista gaúcha Julia Chelotti, de 21 anos, estudante de direito. “Eu e a minha irmã aproveitamos nossas férias da faculdade para fazer intercâmbio, conhecer novas culturas, novos lugares e para levar um pouco de conhecimento e aprender com nossos alunos.”

Além de ajudar o próximo, o voluntário também faz amigos, acumula experiências e se diverte. “Eu saio daqui hoje com muito orgulho de tudo que passei, com orgulho de ter sido professora e saber que essas crianças são muito capazes ter um futuro brilhante. Eu acho que o mais importante é a gente incentivar isso neles, é a gente poder contribuir um pouco”, comenta Luiza Chelotti, de 19 anos, estudante de biologia na Universidade Federal de Santa Maria.

As classes de verão, realizada durante as férias escolares dos alunos, contribui para manter as crianças ocupadas. Eles aproveitam para brincar e estudar.  As crianças aprendem muito da cultura de cada país e isso influencia em diversos aspectos no desenvolvimento futuro dessa criança, como pensa o intercambista Lucas Daniel, de 22 anos, natural de Belo Horizonte, e estudante de administração pública. “Eu vejo as crianças como uma tela em branco, o futuro deles está para ser escrito e se você puder ajudar a pintar um pouco essa tela, e dar um direcionamento que possa aproveitar o máximo seu potencial, só de ter alguém para falar ‘você vai conseguir’, ‘você tem potencial’, ‘seu futuro é brilhante’. Espero que ajude.”