O conceito de queimadura está relacionado a uma lesão traumática e normalmente restrita à pele, decorrente ao contato de calor no corpo. A queimadura pode ser classificada de acordo com o tipo de agente causador (térmica, elétrica ou química) ou pelo grau de profundidade de lesão, podendo ser de primeiro, segundo e/ou terceiro grau. A análise da proporção e o prognóstico de uma queimadura incluem o diagnóstico do agente causal, profundidade, extensão da superfície corporal queimada, localização, idade, doenças preexistentes e lesões associadas. Conforme a Unidade de Tratamento de Queimaduras da Universidade Federal de São Paulo, no Brasil acontecem anualmente cerca de 1 milhão de casos de acidentes de queimaduras, nas quais 100 mil pessoas são atendidas em serviços de emergência, 40 mil demandam hospitalização “e cerca de 2.500 pessoas vão a óbito em resultância direta ou indireta da queimadura.” (DIAS et al., 2015; LIMA et al., 2014). As evoluções no atendimento hospitalar têm colaborado para a sobrevivência de vítimas que sofreram trauma térmico, resultando na redução da taxa de mortalidade destes pacientes. Entretanto, muitos ainda ficam com sequelas e demandam tratamentos posteriores. A maioria dos casos notificados ocorre no domicílio das vítimas, e quase metade são com crianças. “O Sistema Único de Saúde (SUS), no período entre 2013 e 2014, registrou mais de 15 mil casos de internações por queimadura em crianças com faixa etária de 0 a 10 anos.” (BRASIL, 2015). Segundo Aragão e colaboradores (2012) “As queimaduras estão entre os principais tipos de acidente infantil, isto porque a criança se torna mais vulnerável, pois desconhece os riscos e danos deste acidente sendo a quarta causa de morte.” De acordo com o Ministério da Saúde (2012), os casos mais comuns são de crianças vítimas de violência doméstica, decorrentes de líquidos quentes. Já em adultos do sexo masculino, a incidência maior é de situações de acidentes de trabalho. Na cidade de Goiânia a relação é maior e casos mais comuns de acidentes de adolescentes e adultos, mas não tirando o foco das crianças. 15 Pela complexidade do tratamento, os recursos para os cuidados dos pacientes queimados são divididos em três fases: reanimação, reparação e reabilitação. O exame neurológico é fundamental no primeiro momento. Segundo Lima e colaboradores (LIMA JR.; et. al, 2004) as complicações podem ser diversas como: problemas respiratórios, infecções sanguíneas e na ferida, insuficiência do sistema renal, gástrico e cardiovascular, entre outros. Elas causam um grande impacto e desestruturação do paciente e do núcleo familiar, visto a longevidade dos tratamentos e a alta carga de dependência adquirida. Em uma concepção holística de bem-estar e foco na melhoria física e mental, a arquitetura tem a capacidade de interferir na relação entre o homem e os espaços. Archtrends (2017), menciona que “A acessibilidade é a qualidade do que se faz acessível e alcançável. Na arquitetura, significa a busca pela projeção de espaços capazes de atender a todas as demandas possíveis, sem negligenciar questões estéticas e conceituais.” Arquitetura interfere na relação através do bem estar relacionado ao contato com a natureza, espaços arejados, acessíveis, através de cores e iluminação. Nesse contexto, tendo em vista a importância do Conforto Ambiental que existe na percepção do lugar, o paciente de queimaduras deve ser mantido em uma temperatura estável, evitando a incidência de contaminações e buscando conforto ambiental, físico e manutenção da qualidade do ar. Assim, justifica-se a necessidade de disponibilização de um espaço acolhedor que ofereça uma experiência espacial de conforto, reabilitação, terapia ocupacional e apoio psicológico para a recuperação destas pessoas.