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Visão de futuro

Publicado em 20/09/2019

Você já parou para analisar que o cego é quem não vê o mundo do outro? É se fechar para o diferente. A vida é sempre surpreendente quando nos abrimos para o novo e mais ainda quando sabemos enxergar as oportunidades que aparecem no caminho.  

Por Amanda Costa

A linha 149 para em frente a UNIALFA e desce Elisabete para mais um dia de aula. Ela retira a bengala e segue firmando ela na guia da calçada que a levará para o hall de entrada da instituição. Quem a vê entrando nem imagina que ela é deficiente visual. Essa rotina de quase quatro anos a fez conhecer cada cantinho da instituição em que cursa o 8º período de Direito. Inspirada no tio advogado, cego e egresso do Centro Universitário Alves Faria, ela se viu capaz e por isso já está quase concluindo o curso.

"O que mais me marcou no curso de Direito da UNIALFA é a amplitude de atuação depois de formado e também a minha própria inclusão dentro do ambiente educacional e na sociedade. Pois, antes as pessoas com deficiência como eu não tinham o direito de serem inseridas em instituições de ensino superior", afirma Elizabete dos Reis Silva.

Quando se formar, ela pretende fazer concursos para a área jurídica. Por isso, é tão dedicada aos estudos, que inclusive faz questão de elogiar a acessibilidade dos materiais da UNIALFA. Ela usa o comando de voz para fazer leituras e na sala de aula é autorizada gravar todas as aulas. Sobre a relação dela com os colegas e professores afirma ser boa. E, o que mais a impressiona é o fato deles serem sempre muito prestativos.

"Tenho muitos colegas que me ajudam e graças a Deus tenho o apoio de muitos alunos e professores. Não tenho dificuldade quanto a isso. Tenho minhas limitações, passo por dificuldades como qualquer um outro. Mas, isso não me faz desistir", diz.

A escolha de Elisabete pela UNIALFA foi exatamente pelo fato da instituição ter o Núcleo de Educação Inclusiva (NEI). "Então, eu conheço pessoas que estudam em outras instituições e eles enfrentam dificuldades, pois precisam ficar correndo atrás de recursos".

"O núcleo é de educação inclusiva para alunos que tenham necessidades limitadas, não necessariamente é só visual. Ele atende alunos que tenham também um nível intelectual reduzido. Ele serve para todas as pessoas que tem alguma limitação", explica Elisabete.

Natural de Santana do Araguaia-PA, percorreu por Palmas até chegar em Goiânia e durante todo esse trajeto nunca ouviu palavras paralisantes. Pelo contrário; ela sempre se apegou a frases como: "você é capaz" e "você é guerreira e vai conseguir"!  Elisabete conseguiu. É um exemplo de que precisamos ser um pouquinho menos cegos.

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