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Viagem pela literatura: 7 livros de viagens para inspirar

Publicado em 23/10/2020

"Ler é viajar sem sair de casa, é voar mesmo sem ter asas e crescer sem mudar de estatura". A frase de Antonio Costta reflete bem a ideia de que os livros nos permitem viajar. E os livros de viagens são ainda mais marcantes, já que nos proporcionam a oportunidade de ter ideia sobre como são novos lugares, além do prazer de conhecer novos costumes e culturas.

Preparamos uma seleção com alguns dos melhores livros de viagem, de clássicos até publicações contemporâneas, de crônicas divertidas a relatos contínuos e complexos. Confira a lista:

UM LUGAR NA JANELA - MARTHA MEDEIROS

O livro conta sobre a primeira vez de Martha na Europa, suas reflexões sobre viver em Santiago, seus suspiros diante da beleza da Grécia, seus périplos pelo Japão, com cada capítulo, ou crônica, dedicado a um destino. A leitura é leve (ótimo para levar pra praia ou para aquele fim de semana no sítio).

O GRANDE BAZAR FERROVIÁRIO - PAUL THEROUX

O Grande Bazar Ferroviário foi publicado em 1975 e trata-se de um longo relato de uma viagem de trem pela Ásia, passando por Irã, Índia, Myanmar, Tailândia, Malásia, Vietnã, Japão, entre outros. O narrador praticamente se isenta da história no sentido de que pouco sabemos suas motivações; Theroux foca em descrever o que vê e as pessoas com quem conversa, com análises profundas sobre os países que visita. Muito mudou na Ásia nesses 30 anos que se passaram, mas seu relato ajuda a entender o que o continente é hoje.

IOGA PARA QUEM NÃO ESTÁ NEM AÍ - GEOFF DYER

O livro (que não tem nada a ver com ioga) é um "mapa rasgado e nada confiável de algumas das paisagens" que formaram a vida do autor britânico, que fala de "lugares onde coisas aconteceram ou não aconteceram, lugares onde ficou e coisas ficaram com ele, lugares que ele queria ver ou onde simplesmente foi parar". As várias crônicas curtas que pairam entre a ficção e a não-ficção contam casos curiosos, alucinantes, hilários, reflexivos. Há sacadas geniais que repensam o ato de viajar e o reconhecem tanto fascinante quanto sombrio e desconfortável.

ENCARAMUJADO - ANTONIO LINO

Encaramujado relata uma viagem feita entre 2006 e 2007, na qual o escritor paulistano se enfiou numa kombi e cruzou o Brasil do Oiapoque a São Paulo, do Acre a Minas, do Mato Grosso à Bahia, com mais de 30 mil km rodados. O livro fala sobre o país em pequenos contos, com uma linguagem poética cheia de frases que dão vontade de anotar num caderninho, como: "paredes não aprisionam espíritos livres". Lino vive em uma comunidade hiponga, na Chapada dos Veadeiros, escala o Pão de Açúcar, cursa os Leçóis Maranhenses, se embriaga com o Santo Daime. A história traz suas reflexões sobre estar sozinho e viajar para dentro de si mesmo.

PÉ NA ESTRADA - JACK KEROUAC

Clássico dos anos 1950, é considerado um manifesto da geração beatnik, um movimento de jovens anti-materialistas e anti-conformistas que, na época, eram chamados de hipsters (o que não me parece ter muito a ver com o que a gente chama de hipster hoje). O livro, levemente autobiográfico, é narrado por Sal Paradise, que com sua gangue de amigos (liderados por Dean Moriarty) erra pelo país de leste a oeste, principalmente entre Nova York, Denver e San Fracisco, com carros, ônibus e caronas e poucos dólares no bolso. São noites alucinantes de jazz, trabalhos ocasionais, mulheres que vêm e vão, e uma jornada sem propósito maior do que simplesmente cair na estrada.

CEM DIAS ENTRE O CÉU E O MAR - AMYR KLINK

O livro é uma espécie de diário de viagem que apresenta um dos maiores feitos do navegador brasileiro: varar o Atlântico, do sul da África à Bahia (cerca de 6500 km) num minúsculo barco a remo. É possível rapidamente se familiarizar com os termos náuticos (bolina, lastros, escotilha) e embarcar na jornada meticulosamente calculada de Amyr, num tempo (1984) sem internet e GPS. Ele negocia com ondas gigantes, estremece diante da constante presença de tubarões, pena com o mau tempo. Momentos delicados e sublimes são descritos por Amyr, das cores do nascer e o pôr do sol ao momento em que uma enorme baleia passeia debaixo de seu barquinho, enquanto ele entende sua pequenez diante do mar e atinge um respeito pela vida que nunca imaginou antes.

LIVRE - CHERYL STRAYED

O filme homônimo lançado em 2014 e indicado ao Oscar é excelente, mas é preciso ler o livro pra mergulhar dentro da jornada da escritora Cheryl Strayed. A americana cursou a pé 1800 km, em três meses, a chamada Pacific Crest Trail, que vai da Califórnia até o estado de Washington. A viagem tem carga dramática em dobro, porque além da caminhada longa, acometida por extremos de frio e calor, ursos e coiotes, calos e feridas, comida desidratada e noites insones, Strayed descreve a barra que passou com a morte de sua mãe, o desmantelamento de sua família, seu divórcio e envolvimento com heroína. A trilha é uma espécie de redenção e ferramenta para escritora se encontrar dentro de si novamente.