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O eSocial e a falta de respeito com os profissionais de contabilidade

Publicado em 30/08/2019

*Hugo Moreira de Oliveira

Os profissionais de contabilidade estão entre aqueles que mais precisam se adaptar as mudanças, dentro do ambiente em que estão inseridos. O motivo para as recorrentes atualizações se deve às constantes alterações na legislação. Não há um ano em que uma novidade não aparece. A criação de obrigações acessórias, aquelas que não dão nenhum benefício à empresa, quando feitas, mas que geram muitas multas, quando se deixa de fazer.

Enganam-se quem acredita que o papel do contador se resume a escriturar notas fiscais, gerar guias de impostos, fazer a folha de pagamento dos trabalhadores da empresa e elaborar as demonstrações contábeis. O trabalho do contador vai muito, muito, além disso. Existem obrigações acessórias mensais que devem ser feitas, como a GFIP, CAGED, SPED CONTRIBUIÇÕES, SPED FISCAL, DCTF, etc. Mas, além das obrigações mensais, também existem outras, anuais, como a ECD, a ECF, a RAIS, a DIRF.

Ufa, entre tantas e tantas obrigações, o governo concebeu, em 2014, o eSocial, com a promessa de que simplificaria várias dessas obrigações e que unificaria, em uma só ferramenta, informações de cunho trabalhista, fiscal e previdenciário. O eSocial só entrou em vigor a partir de janeiro de 2018, para as grandes empresas, e até hoje está sendo inserido em vários outros grupos de empregadores, em todo o país. Para tanto, os profissionais tiveram que se adaptar, fazerem cursos e treinamentos, para atenderem as novas demandas. E que demanda complexa. O problema é que os entes públicos, responsáveis pelo eSocial, exigem mudanças frequentes nessa ferramenta, e o que era para simplificar está cada vez mais complexo.

Na prática, isso quer dizer que o contador estuda para aprender a executar algo que dias depois é extinto, ou deixa de ser obrigatório. Mas no último mês, tais entes foram além. Divulgaram o fim do eSocial e a divulgação de um novo programa. A classe contábil ficou preocupada, pois todo o esforço parecia ter sido em vão. Dias depois do primeiro comunicado, o governo publicou a permanência do eSocial, mas com uma série de mudanças. No meio de todo esse imbróglio, os profissionais de contabilidade só fazem uma pergunta: "e o respeito aos contadores, como fica?".

Hugo Moreira de Oliveira -  É mestre em Administração e professor do MBA em Auditoria Fiscal e Planejamento Tributário da UNIALFA.